No ano do
centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, a música nordestina está em
evidência. Nesta reportagem falaremos sobre a origem, a evolução e as
derivações de diversos gêneros que saíram do Nordeste. Além de uma matéria com
uma banda bem diferente que faz da arte do forró o espetáculo da atual campeã
Alagoana a Quadrilha Junina Rosa dos Ventos Alagoana.
A história
do forró nos conta que originalmente, forró era a denominação que se dava ao
lugar onde as pessoas se reuniam com a única finalidade de festejar, não
existindo grupos específicos nesses locais. Qualquer pessoa podia participar da
festa, fosse aristocrata, senhor, escravo. O folclorista potiguar Luís Câmara
Cascudo, estudioso de manifestações culturais populares, defende que o termo
originou-se da palavra ‘forrobodó’, de origem bantu (Tronco linguístico
africano que influenciou o idioma brasileiro, sendo base cultural de identidade
no Brasil escravista), que significa: arrasta pé, farra, confusão, desordem,
remetendo à diversidade de pessoas nas festas.
O forró
foi tornando-se uma dança tipicamente brasileira depois que os negros escravos,
na região nordeste do país, se afeiçoaram ao Schottich, uma cadência musical de origem alemã que era dançada nas
festas da aristocracia brasileira da época e também nos forrós. Este gênero
musical parece ter desembarcado em solo brasileiro em 1851, na bagagem de José
Maria Toussaint. Não tardou e logo os escravos adaptaram a música a seus
próprios gingados, transformando a batida do Schottich em batidas de Xote. Com o tempo, o Schottich foi sendo
esquecido e o xote o único ritmo a embalar os forrós.
O forró é
talvez o único estilo de música regional que se tornou nacional. O centenário
de Gonzaga é uma forma de dar visibilidade a todos os artistas sejam eles
conhecidos ou não na arte do forró: nomes como Jackson do Pandeiro, Trio
Nordestino, Dominguinhos, Sivuca, Hermeto Pascoal, Genival Lacerda, Abdias,
Marinês, entre tantos outros.
(Conhecido
como "O Mago da Sanfona”, Abdias seguiu a escola de Luiz Gonzaga vestindo
as roupas de cangaceiro.)
("A
Rainha do Xaxado", Marinês. Segundo Genival Lacerda dizia que ela tinha a
voz mais bonita do Nordeste)
(Jackson
do Pandeiro O "Rei do Ritmo" compôs mais de 400 músicas e gravou mais
de 120 discos)
Esses são apenas alguns dos personagens que contam a trajetória de como o xote, xaxado, baião e forró entra para
a história mas os holofotes são justos e é natural que eles se voltem,
em sua maioria, ao rei do baião.
Luiz Gonzaga do Nascimento foi o maior expoente
artístico do Baião e responsável por imprimir um formato urbano e popular ao
gênero. Desde os anos 30 do século passado, Gonzaga já era relativamente
conhecido como sanfoneiro em sua cidade natal – Exu (PE). Porém, só em 1941 teve sua primeira aparição
televisiva no programa Ary Barroso cantando vira
e mexe, o que lhe rendeu o primeiro contrato de sua carreira.
Gonzaga viveu em tempos esplendidos desde então, até 1954, pois o
surgimento da Bossa Nova nessa época afastou o artista dos palcos dos grandes
centros e o fez limitar suas apresentações a cidades do interior, onde sempre
foi extremamente popular. Nos anos 70 e 80 Luiz Gonzaga voltou à cena, graças,
principalmente, às releituras de sua obra, feitas por artistas como Geraldo
Vandré, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e seu filho
Gonzaguinha.
(O
imortal Luiz Gonzaga)
A partir
da década de 80 também houve uma saturação do forró tradicional (conhecido como
pé de serra) e surge no Ceará um novo meio de fazer forró, com a introdução de
instrumentos eletrônicos (tais como guitarra, bateria e teclado). Também as
letras deixaram de ter foco na seca e no sofrimento dos nordestinos e passou a
abortar conteúdos que atraíam os jovens. O gênero nos dias de hoje, chega ao
forró eletrônico (no Ceará) e ao forró universitário (em São Paulo).
Desde que
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira ensinaram ao Brasil como se dança o baião, nos
anos 1940, nossa música nunca mais foi a mesma. Ao baião juntaram-se xaxado,
coco, arrasta-pé, xote e outros ritmos nordestinos: assim nasceu o forró. Sete
décadas depois, ele resiste como um dos mais autênticos gêneros musicais
brasileiros, sobrevivendo aos modismos, às bruscas mudanças do mercado
fonográfico e ao desaparecimento de alguns dos seus principais representantes.
CAMPINA GRANDE OU CARUARU!
A guerra mais gostosa que temos no
nordeste é entre essas duas cidades históricas na arte de fazer o maior são
João do mundo. Então não podíamos falar do forró sem passear por essas duas
grandes do nordeste:
Antes já se dançava forró e se
comemorava o São João em Campina Grande. Havia dança de forró em sítios,
granjas e fazendas. Com o tempo, todas as atrações, barracas e tudo que se
encontra no São João de Campina foram aparecendo: comidas típicas, artesanatos,
os palcos, quadrilhas, ilhas de forró, cenários, casamento coletivo, trem do
forró, etc. e assim eles adotaram o tema que gerou essa rivalidade: a
consagrada marca "Maior São João do Mundo" entre os principais
festejos populares brasileiros.
(CAMPINA
GRANDE – PB)
Caruaru
não fica por baixo nesta disputa, Caruaru tem os mesmos 30 dias de festa,
público de 1,5 milhão e ainda coleciona recordes: o Guinness Book registra o
maior cuscuz do mundo, cozido num panelão de 3,20 metros de altura, e o maior
pé-de-moleque, com 1,5 tonelada. Além disso adotando também o tema de: capital
do forró.
E como é
bom ter tudo isso aqui no nordeste porém, até nisso o forró torna ainda mais
próximo duas cidades, afinal os personagens que tocam e encantam nessa época
com certeza migram de uma cidade a outra.
O QUE É NOSSO!!!
E nosso
passeio está chegando ao fim porém, pra terminar com um gostinho e tanto não
poderíamos deixar de prestigiar os talentos de nossa terra. Com exatos 9 anos recém completados neste dia
13.01.13 a Quadrilha Rosa dos Ventos Alagoana nos permitiu uma matéria com seu
trio de sanfoneiros e cantores. Confiram na íntegra:
ROSA DOS VENTOS ALAGOANA SUA HISTÓRIA COM O
FORRÓ!
”Roseiro,
sangue Rosa quadrilheiro, esse amor que tens no peito, é maior que o coração. Trago
no Rosa a força do ser feminino na minha canção, o Rosa é festejo junino, eu
sou um Roseiro vou entrar ligeiro no seu coração.”
É assim
que ela entra e encanta por onde passa. Quadrilha considerada ainda nova no
estado de Alagoas com apenas 9 anos de luta e amor a tradição junina. Mas isso
não foi motivo pra que em sua curta trajetória tornar-se tão ou quanto
importante não só no cenário alagoano como no nordeste inteiro.
Colecionadora
de diversos títulos como:
TRI -
CAMPEÃ FORRÓ E FOLIA 2010, BI-CAMPEÃ ATALAIA 2010, Vice-Campeã do Campeonato
Nordestão de Quadrilhas Juninas (Recife - PE), BI- CAMPEÃ FORRÓ E FOLIA, CAMPEÃ
ALAGOANA 2009, CAMPEÃ ANADIA 2009, CAMPEÃ RIO LARGO 2009, 3° LUGAR ATALAIA
2009, 5ª MELHOR QUADRILHA DO NORDESTE (REDE GLOBO NORDESTE) – 2009, 3ª MELHOR
QUADRILHA DO NORDESTE (REDE GLOBO NORDESTE) -2008. Atualmente Campeã Alagoana
2012 e 5ª Melhor Quadrilha do Nordeste no campeonato do Ceará tão consagrado o
Nordestão.
Com tudo
isso por ser uma vertente do bom forró, afinal o que move uma quadrilha são
nossos personagens citados ao logo da reportagem e a Rosa sempre teve seu trio
de sanfoneiros, formados juntos com sua história marcante.
Trio Rosa dos ventos
A rosa
sempre teve um trio de sanfona acompanhando ao vivo a quadrilha. Entre esse
grupo façamos destaques aos cantores Junior Santana e Sueli Alves. Com músicas
de autoria própria eles embalam o ritmo da sanfona, do triângulo e da zabumba.
O diretor da quadrilha Toninho Lessa nos relatou a dificuldade que é manter um
trio, pois envolve investimentos altos para se ter uma banda não só no mês de
Junho porém, antes no mínimo um mês acompanhando todos os ensaios.
Mas eles
fazem por amor, as vezes recebendo com atraso, as vezes saindo de madrugada dos
ensaios, enfrentando horas nas viagens. Mas essa é a vida de um trio de
quadrilha. Porém, nos encantaram a simplicidade e a valorização da cultura
nordestina.
Com o
pouco que mostramos das raízes do forró deixamos a certeza que esse ritmo é
empolgante e a cada dia, mais e mais pessoas estão reconhecendo-o como uma das
maiores sínteses da cultural brasileira. Então aproveite e arroche o nó!
(Modificado em 12/01/2013)